Entrevista com Bruno Costa, Observador Técnico da CBF.
A Entrevista de hoje é
com meu Amigo, Bruno
Maluf Luiz Da Costa, Formado em
Gestão Esportiva e natural de Porto Velho/RO, região norte do Brasil. Prestes a
completar 33 anos, filho de Heitor Luiz Da Costa Junior e Mirlian Silva Maluf
Costa, e possui como irmã mais nova, Mariana Maluf Costa. Observador Técnico da
CBF, Bruno Costa nos passa um pouco
da sua experiência trabalhando com as Categorias de Base do Futebol Brasileiro
e que verdadeiramente abriu as portas da Seleção Brasileira, pois em nenhum
outro momento do nosso futebol as convocações têm tido tanta variedade de
clubes cedendo jogadores a Seleção Canarinha. Antes de responder as nossas
perguntas, ele nos faz um breve comentário sobre sua trajetória de vida.
Bruno Costa ao lado de seus pais Heitor e Mirlian
Sou uma
pessoa batalhadora, que saiu de Porto Velho (RO), com 15 anos para ir atrás de
um sonho, ser jogador de futebol, e ao mesmo tempo não deixar os meus estudos
de lado. Recebi o convite de uma tia para ir morar com ela nos EUA, por seis
meses, vi que era a oportunidade de fazer o que eu mais amava e ao mesmo tempo
conciliar meus estudos, aprendendo um novo idioma. Acabei ficando por cinco
anos, ganhei uma bolsa de estudos e entrei na faculdade para prestar o curso de
Administração Esportiva. Sempre tive essa visão da gestão no esporte desde
muito novo.
Morei nos EUA até dezembro de 1999,
realizei todo o meu 2o grau por lá e mais um ano de faculdade, foi quando
recebi uma proposta para jogar profissionalmente e perambular por alguns
países, como Alemanha, República Tcheca e Suíça para tentar ser um jogador.
Voltei ao Brasil e depois de duas cirurgias no joelho, conversando com meu pai,
decidi me mudar para o Rio de Janeiro em Julho de 2001, pois era o único lugar
no Brasil que eu poderia finalizar o meu curso de Gestão Esportiva e ao mesmo
tempo fazer a recuperação de minha última cirurgia.
Distribui alguns currículos e fui
convidado em 2002 para estagiar na CBF. Deus me iluminou e tive o prazer de
começar a trabalhar com o Tetracampeão Branco (Coordenador da Seleção de
Máster), como supervisor da Seleção Brasileira de Máster, e já no começo de
minha carreira, trabalhar e conviver com grandes ídolos como Bebeto, Ricardo
Rocha, Taffarel, Dunga, Mazinho, Careca, entre outros. Em 2003, Branco foi
convidado para assumir todo o Futebol de Base da Seleção Brasileira, e me
chamou para trabalhar como Supervisor e Administrador. Realizamos um grande
trabalho nas Seleções de Base do Brasil entre Abril de 2003 e Janeiro de 2007,
nesse período o Brasil conquistou os Campeonatos Sul Americanos Sub 15, Sub 17
e Sub 20, além dos títulos Mundiais Sub 17 e Sub 20 em 2003, com a conquista
inédita da Tríplice coroa e a vaga para as Olimpíadas de Pequim 2008, com a
conquista do Pré Olímpico que foi disputado no Paraguai em 2007.
Depois da Conquista do Sul Americano
Sub 20 e Pré Olímpico em 2007, convidado pelo Branco, assumi todo o futebol de
Base do Fluminense FC. Começamos a reerguer a autoestima do torcedor tricolor
que estava carente de títulos. Conseguimos conciliar a formação de atletas com
a conquista de grandes títulos, tanto nas Categorias de Base como no
profissional. Foram 40 títulos conquistados nas Categorias de Base em quatro
anos de trabalho, lançamos mais de 40 atletas na equipe profissional e o
Fluminense depois de 23 anos da conquista de um título nacional, foi Campeão de
Copa do Brasil em 2007, chegou as finais da Copa Libertadores em 2008 e da Copa
Sul Americana em 2009, começou a ser reconhecido como o time de guerreiros
naquela famosa e inesquecível briga contra o rebaixamento, com sete atletas
formados na base participando ativamente na permanência na séria A e em 2010, fomos
campeões brasileiros depois de 26 anos.
Em 2011 aceitei o desafio de
participar do projeto de reestruturação do Figueirense FC, que estava
retornando a série A do Campeonato Brasileiro. Assumi a Coordenação do Futebol
de Base, participei da ida do Wellington Nem para o clube, pois o mesmo havia
sido meu atleta nas Categorias de Base do Fluminense. Foi um ano de muito
sucesso para o clube sendo eleito pela grande mídia, como a equipe revelação do
Campeonato Brasileiro daquele ano, quase conquistando uma vaga para a
Libertadores e o Wellington Nem foi eleito a revelação do Campeonato
Brasileiro.
Em Fevereiro de 2012, recebi um
convite, do até então Coordenador das Categorias de Base da CBF, Ney Franco,
para ser o responsável pela Observação Técnica das Categorias de Base da CBF,
cargo que ocupo até o momento.
Em frente a sede CBF - Teresópolis
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– Como você se define, como pessoa?
Bruno Costa – Uma pessoa batalhadora, honesta e perseverante, que saiu de
Porto Velho (RO) com 15 anos, em busca de um sonho.
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– Atualmente você desenvolve a função de Observador Técnico na CBF. Como é o
seu dia a dia dentro e fora da Confederação Brasileira de Futebol?
Bruno Costa – Viajo pelo Brasil
todo, acompanhando as principais competições de Categorias de Base que
acontecem em nosso país, para detectar os novos talentos do futebol brasileiro
e dar todo suporte e informações necessários para os treinadores das seleções
na hora de convocar um atleta. Quando não temos competições acontecendo, faço
uma programação de visitas aos principais clubes formadores do futebol
brasileiro, para acompanhar treinamentos, jogos amistosos e ver como estão os
atletas que já foram observados e mapeados.
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– Você saiu de uma pequena cidade brasileira, da região norte e conseguiu
chegar a uma posição de destaque nos bastidores do futebol brasileiro. A que se
deve este seu sucesso e sofreu algum tipo de preconceito?
Bruno Costa – Meu maior orgulho é ser filho de Rondônia, sou nascido em
Porto Velho. Sempre fui muito dedicado, persistente e acima de tudo muito
íntegro e honesto em minhas tomadas de decisões. Amo o que eu faço e agradeço a
deus todos os dias por ter me dado a oportunidade de sair do Norte do Brasil e
ter vencido em um grande centro e já ter trabalhado na CBF e em duas grandes
equipes do futebol brasileiro (Fluminense e Figueirense).
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– Em 2002, você ingressou na CBF. Quais as diferenças entre o período 2002/07 e
este seu retorno em 2012?
Bruno Costa – Em 2002 eu tinha 22 anos e estava começando minha carreira,
aproveitei a oportunidade e conquistei meu espaço no meio do futebol, com a
conquista de importantes títulos como no Sul Americanos Sub 15, 17 e 20 e as
conquistas dos Mundiais Sub 17 e Sub 20 em 2003. Em 2012 retornei com muito
mais experiência, pois trabalhei durante cinco anos em importantes clubes e
voltei para a CBF pronto para implementar todo o meu conhecimento adquirida
nesses doze anos de carreira.
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– Existe alguma diferença entre o trabalho desenvolvido nos clubes
(Fluminense/RJ-Figueirense/SC) em que você passou e o que você realiza dentro
da CBF?
Bruno Costa – Nos clube fui Coordenador Geral de Futebol de Base, era responsável
por montar toda a equipe técnica de trabalho (Comissões Técnicas), assinatura
de contrato dos atletas, relacionamento com os familiares, direcionamento total
do que acontecia na base de todo o clube. Na CBF minha função atual é a de observar
os principais atletas em todo o Brasil com potencial de vestir a camisa da
Seleção Brasileira.
Ao lado da comissão técnica do Figueirense Jorginho e Raul (2011)
Blog
– Depois de passar quatro anos trabalhando no Fluminense/RJ, em 2011, você se
transferiu para o Figueirense/SC. Quais foram os motivos que lhe levaram a
aceitar este convite?
Bruno Costa – Tinha propostas de outras equipes, mas o desafio de pegar um time de
uma diferente região, da qual eu estava habituado, e o projeto de
reestruturação do Figueirense FC, que estava retornando a série A do Campeonato
Brasileiro me atrairam. Assumi a Coordenação do Futebol de Base reformulando
todo o departamento e participei, por exemplo, da ida do atleta Wellington Nem para o clube,
pois o mesmo havia sido meu atleta nas Categorias de Base do Fluminense. Foi um
ano de muito sucesso para o clube sendo eleito pela grande mídia a equipe
revelação do Campeonato Brasileiro daquele ano, quase conquistando uma vaga
para a Libertadores da América e o Wellington Nem foi eleito
a revelação da competição.
Blog
– Quanto ao trabalho desenvolvido dentro dos clubes, quais foram às principais
promessas encontradas no mundo do futebol?
Bruno Costa – Tive o prazer, junto com a minha equipe de trabalho de ajudar no
desenvolvimento
de algumas promessas dentro do Fluminense e Figueirense,
como Maicon, atual atacante do Lokomotiv Moscou, Wellington Silva, atacante do
Arsenal (Inglaterra), Digão, zagueiro do Fluminense, Wellington Nem, atacante
do Fluminense, Tartá, atualmente no Criciúma, entre outros...
Ao lado do Amigo, Dr João Marcelo
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– No último sul americano da categoria sub 20, no inicio do ano na Argentina, o
Brasil teve umas das suas piores campanhas em competição oficial de base.
Gostaria de saber se a CBF já detectou o problema e quais foram às atitudes
tomadas.
Bruno Costa – Como observador Técnico, estava acompanhando a Copa SP de Junior,
Copa Promissão e Copa Votorantim, no mesmo período que acontecia o Sul
Americano Sub 20. Acompanhei todos os jogos pela TV, os principais atletas
foram convocados, mais infelizmente a equipe não se encontrou durante a
competição.
Blog
– Tenho acompanhado que desde o ano passado, a Seleção Brasileira tem dado
oportunidades em sua convocação, a atletas de clubes sem muita tradição na
base, como Náutico/PE, Sport Recife/PE e Rede Bull Brasil/SP. Sem falar na
grande variedade de clubes que cederam jogadores para a Seleção Brasileira
disputar a Copa 2 de Julho de Futebol Sub 17, ano passado na Bahia, como também
em outras convocações de outras categorias. Isso já seria reflexo do seu grupo
de trabalho?
Bruno Costa – Quando fui contratado, o principal objetivo era detectar atletas com
potencial para servir as seleções de base, fora do eixo de formação dos
principais centros, pois sabíamos que um ou outro valor poderia ser encontrado.
Visitei toda a região Nordeste, além do estado de Goiás. Tivemos a oportunidade
de observar e convocar atletas do Náutico, Sport, Goiás, Bahia e Vitória, além
disso, também observamos equipes sem muita tradição, mais com um enorme
rendimento em suas Categorias de Base, que também tiveram atletas convocados
como Audax (SP), Red Bull (SP) e Desportivo Brasil (SP).
Blog
– Aqui em Sergipe, este ano já tivemos dois casos de pedofilia e
homossexualismos no futebol de base. Em suas andanças pelo Brasil, como você
tem visto o tema e o qual o seu posicionamento quanto ao assunto?
Bruno Costa – hoje em dia temos profissionais capacitados e preparados para gerir
as Categorias de Base de um clube, em todas as funções, facilitando o controle
e desenvolvimento diário dos jogadores de base, de todas as idades.
Blog
– Todos nós sabemos que a casa se constrói a partir do alicerce. Sendo assim,
qual o motivo dos clubes brasileiros não darem tamanha importância ao futebol
de base, salvo algumas exceções?
Bruno Costa – Infelizmente uma grande parte dos dirigentes veem as Categorias De
Base, como despesa e não como investimento. Esquecem que é na base que
construímos o nosso futuro para a formação de atletas que darão um retorno
técnico e financeiro, mais essa realidade esta mudando.
Blog
– Qual a importância da base, na construção e manutenção de um clube de futebol
profissional?
Bruno Costa – Reafirmando o que disse acima, A base é a única válvula de escape,
para a sobrevivência de um clube. Conseguimos com um bom trabalho desenvolver
atletas para a equipe profissional, minimizando o custo de contratações, e ainda
os clubes conseguem o retorno financeiro com a venda desses atletas.
Em viagem
Blog
– Estou percebendo que a CBF tem aumentado o numero de competições nas
categorias de base de nosso futebol. Mais ainda assim, não está faltando à regionalização
dessas copas, oferecendo uma melhor oportunidade para os nossos clubes. Pois os
investimentos das equipes do eixo Sudeste/Sul são muito maiores que o do
restante do Brasil. E existe alguma possibilidade de vermos um regional, tipo
Centro Oeste, Norte, Nordeste Sub 17 ou Sub 20 em breve?
Bruno Costa – Isso Já vem sendo desenvolvido pela CBF, com a criação da Copa do
Brasil Sub 20 e Sub 17 e futuramente Sub 15. Passo a passo o futebol Brasileiro
vem viabilizando novas competições para oportunizar a descoberta de novos valores.
Blog
– Você tem acompanhado de perto quase todas as competições de base pelo Brasil,
e com certeza não trabalha sozinho. Quais as pessoas que formam a sua equipe ou
estão juntos nessa empreitada de descobrir nossas promessas?
Bruno Costa – Sou o único contratado para desenvolver a função de observador
técnico dentro da CBF, mais o Alexandre Gallo (Treinador da Sub 20 e Sub 17),
Mauricio Cupertino (Auxiliar Técnico da Sub 20 e 17) e Caio Zanardi (Treinador
da Sub 15), que também realizam as
observações e acompanhamento das competições.
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– A Copa 2 Julho de Futebol Sub 17 é uma criação do Sinval Vieira, ex diretor
de base do Vitória/BA e realizada pela SUDESB na Bahia. Seria hoje ela, a
principal competição aberta da categoria, já que o brasileiro Sub 17 que
acontece no Rio Grande do Sul no fim do ano, se trata de um campeonato, onde só
participam as equipes da Serie A?
Bruno Costa – São duas excelentes competições com intuitos diferentes. A Copa 2 de
Julho, que já tive o prazer de participar pela Seleção Brasileira Sub 17,
Fluminense e Figueirense, é muito importante para a descoberta de novos valores
dentro do futebol Baiano e nordestino, enquanto o Brasileiro Sub 17, conta com
a participação das 20 equipes da serie A, aumentando o nível técnico e colocando
o principais clubes formadores frente a frente.
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– Quais as principais competições de futebol de base organizadas no País, onde
elas são realizadas e em qual período?
Bruno Costa – Principais Competições –
Categoria Sub 20: Copa SP (SP) / Taça BH (MG) / Copa do Brasil Sub 20 (CBF ) /
Brasileiro Sub 20 (RS)
Categoria
Sub 17: Copa Santiago (RS) / Copa Rio (RJ )/ Copa 2 de Julho (BA) /
Brasileiro Sub 17 (RS) / Copa do Brasil Sub 17 (CBF)
Categoria
Sub 16: Copa Promissão (SP) / Copa Carpina (PE)
Categoria
Sub 15: Copa Votorantim (SP) / Copa Nike (SP )/ Copa Londrina (PR)
Categoria
Sub 14: Copa EFIPAN (RS) / Copa Laranjal Paulista (SP)
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– Tem aumentado o numero de avaliações/peneira em todo o nordeste e todas em
sua grande maioria são pagas pelos atletas. Quais seriam os procedimentos que o
garoto precisa tomar para ter a certeza de que o clube estará enviando o seu
Observador?
Bruno Costa – Entrar em contato com o clube e ver se a pessoa designada, realmente
pertence ao quadro de funcionários da entidade.
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– Você tem conhecimento sobre o futebol de base sergipano e o que é necessário
para que nossos clubes possam se destacar em competições nacionais?
Bruno Costa – O Futebol Da Bahia (Vitória e Bahia) é um exemplo a ser seguido no quesito
de formação de atletas na região nordeste, pois além de possuírem equipes na
serie A, grande parte de seus elencos são compostos por atletas oriundos de
suas Categorias de base. Importante ter um bom CT, profissionais qualificados e
uma grande rede de captação de atletas.
Blog
– O Victor Andrade é sergipano de Aracaju, como você tem visto as convocações
dele para as seleções de base e o que podemos esperar dele no futuro?
Bruno Costa - O
Victor Andrade é mais um talento, como vários que temos no futebol brasileiro,
que precisam ser lapidados e preparados para atingirem um nível de qualidade no
profissional.
Blog
– Como você recebeu o convite para participar do nosso quadro Entrevista e como
tem visto o nosso trabalho em prol “Exclusivamente” do futebol de base
sergipano e nacional?
Bruno Costa – Como tenho dito sou um batalhador das regiões Norte e Nordeste de
nosso país, sempre estarei à disposição para de alguma forma ajudar no desenvolvimento e crescimento do
nosso futebol. Continue na sua árdua batalha em prol do futebol de base.
Blog
– Para finalizar, qual a mensagem que você deixa para o nosso seguidor?
Bruno Costa – Vamos acreditar sempre em nossos sonhos e cada vez mais nos preparar
para atingir nossos objetivos.
Aqui deixamos o nosso Agradecimento ao Amigo Bruno Costa, pela sua participação, nos ajudando a informar e alertar aos clubes sobre o investimentos que precisam ser feitos nas Categorias de Base dos Nossos Clubes.
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